- Wander B.
AS RUAS CHEIAS DO BRASIL DOENTE
Atualizado: 14 de Jun de 2020
A gente sabia que não vivia em nenhum paraíso, que a coisa tinha tomado contornos sinistros nos últimos anos, que as chagas todas do Brasil triste e profundo estavam expostas...
E veio a pandemia. E a pandemia veio.
E aí é barbárie mesmo. Não tem outro nome.
Uma pessoa morre por minuto.
Não temos leitos pra acomodar todos. Não temos respiradores pra atender todos.
E as pessoas que têm a chance de ficar em casa e respeitar o isolamento furando isso por todos os motivos: shopping, festinha, barzinho, dates, manifestação.
E infelizmente eu coloco, sim, manifestação no pacote das irresponsabilidades: não vou aliviar, infelizmente, não tem como aliviar.
Se você teve o privilégio de fazer home office, estudo a distância, e sai pra se expor ao vírus, você vai contaminar outras pessoas, vai alongar a crise, vai ocupar um leito que deveria estar livre para atender quem não teve o direito de poder ficar em casa.
É evidente que os motivos que levam uma pessoa a uma manifestação são diferentes dos motivos que levam uma pessoa ao shopping.
Mas não estou falando de causa, estou falando de consequência: a consequência é espalhar o vírus e ocupar leitos que deveriam ser destinados a quem não teve o privilégio de ficar em casa.
Vai postar a foto dos trabalhadores no metrô pra justificar a sua saída? É sério?
Erro lógico: essas pessoas não tiveram a possibilidade de ficar em casa, infelizmente.
Você teve? Sim? Fique em casa.
Você quer ajudá-las esticando a crise?
Ocupando o leito que as atenderia?
Numa boa, volte pras suas panelas nas janelas.
Repito. Se você teve a chance de ficar em casa: você deve ficar em casa.
Fique em casa.
Não prejudique mais ainda a vida de quem não teve essa chance.
Pontuações:
Crise do ponto de vista humanista.
É política? Opa.
Mas é sociologia e psicologia também.
E educação.
E cultura.
Um projeto de embrutecimento de uma nação de 200 milhões de pessoas que funcionou.
Está aí o resultado.
Peço aos meus leitores que entendam, esse é um texto mais incisivo do que os que costumo escrever...
Mas o desrespeito chegou em um lugar que é difícil medir palavras.
As pessoas amontoadas nos shoppings no segundo país mais afetado pela pandemia é uma imagem de uma brutalidade assombrosa.
Repito algo que venho dizendo desde o começo:
As pessoas que estão desrespeitando esse momento carregarão consigo o peso da morte de outras pessoas - se sobreviverem, evidentemente.
Ainda dá tempo de evitar esse peso nas suas costas.
Fique em casa.