- Wander B.
SOBRE A PARTIDA DE JEAN WYLLYS
Quando a esquerda optou por se ausentar das cerimônias do dia primeiro de janeiro, quando Bolsonaro tomou posse, fui crítico.
Julgava - e ainda acredito nisso! - que a presença da esquerda lá, mesmo que de forma silenciosa, seria uma forma de dizer pra população: ele é o presidente, mas não é a força única do país: nós estamos aqui pra fazer oposição.
A soberania simbólica dada ao presidente no seu primeiro dia me preocupou. Foi uma falha.
Soberania simbólica não é pouca coisa.
Passado esse ponto, vou dizer minha percepção sobre a saída de Jean Wyllys do país.
Pensando na condição do parlamentar como um sujeito, uma pessoa que precisa deixar o seu país por sentir que sua vida corre risco, só posso dizer: é terrível, é absurdamente terrível e triste.
Mas pensando no processo histórico, que é maior do que as nossas parcas vidas, julgo essa saída do Jean importante.
Porque é uma denúncia. Uma denúncia internacional. Contundente.
Ele sai e amplia a discussão no mundo. Fica mais evidente para todos que há algo de podre acontecendo por aqui. Isso é importante.
Além disso, aponto para o fato de que ele pode voltar muito forte dessa e ser, quem sabe, uma nova liderança da esquerda com chances de alcançar grandes cargos.
A esquerda está sem líderes. Tivemos ao longo dos anos alguns nomes, mas a maior parte desses nomes foi eclipsada pela imagem de Lula nas últimas décadas. O resultado está aí.
Precisamos de outras caras. Outros nomes. Outras forças populares. Outras forças discursivas.
É possível que essa partida de Jean, somada aos anos, possa fazer bem para o país.
Mas claro, isso é pensando em processo histórico. Olhando para o agora, para a pessoa Jean, é apenas triste e terrível.
Força ao Jean. Força aos que ficam.
Sigamos.